sexta-feira, 17 de abril de 2015

Roger Waters ou David Gilmour?


Um tempo atrás, algo de dois meses, eu estava lendo um livro sobre a banda inglesa de rock Pink Floyd, quando um amigo de faculdade me perguntou, “Roger Waters ou David Gilmour?”. Minha primeira reação foi “David Gilmour, é claro”, a voz mais melódica do guitarrista foi um dos principais motivos para o meu envolvimento sonoro com o Floyd, “Shine On You Crazy Diamond” da versão ao vivo do disco Pulse me arrepia até os dias atuais. Mas logo depois um sentimento tomou conta de mim, “por que não o Roger Waters?”.


O velho maniqueísmo do ser humano, de escolher entre o certo e o errado, o bom e o mau, entre Roger Waters e David Gilmour, em questões como essa deviam ser deixadas de lado. É desumano você perguntar para alguém quem você prefere mais, sua mãe ou seu pai, e isso cabe a questão do baixista e do guitarrista do Pink Floyd. Waters foi uma das principais forças que impulsionaram a banda, desde o começo. Com a saída do principal ícone da banda, Syd Barrett, o baixista conseguiu colocar toda a sua arte por meio do Floyd. As principais obras do grupo, Dark Side Of The Moon e The Wall, foram projetos ambiciosos dele, idéias que nasceram de um jovem revoltado e que queria desabafar sobre o Mundo em que vivia. Sua voz mais rouca é perfeita em diversas canções do Pink e faz uma tabelinha dos deuses com a voz de Gilmour. O guitarrista por outro lado é um mestre do instrumento, que soube criar riffs históricos (“Money”), misturando blues com o rock progressivo, sem falar na sua voz mais melódica que se encaixa perfeitamente em diversas canções do quarteto. Então por que diabos eu, e qualquer fã do Pink Floyd, temos que escolher quem é melhor? Passar horas e horas debatendo sobre um assunto que tem uma resposta obvia, os dois. 


Sim, os dois, e isso não é ficar em cima do muro de jeito nenhum caro leitor. A doce combinação de duas forças musicais é a melhor resposta. As letras de Waters de protesto contra um mundo capitalista na voz suave de Gilmour vão continuar arrepiando gerações e gerações. As linhas de baixo com os solos memoráveis de guitarra vão continuar a influenciar inúmeras bandas de garagem. Os discos do Floyd lançados em 1987 (A Momentary Lapse of Reason) e 1994 (The Division Bell) mostram que falta um Roger ali, e os discos solo do baixista mostram também que falta um David. Aquilo que os dois construíram juntos é a resposta definitiva para essa questão. Não quero tirar o mérito do baterista Nick Manson e nem do tecladista Richard Wright, ambos são muito importantes para a história da banda, mas o guitarrista e o baixista foram essenciais para a criação de um mito chamado Pink Floyd.


Paul McCarteney ou John Lennon, Mick Jagger ou Keith Richards, questões como essas são irrelevantes. O que essas duplas fizeram em conjunto é mais importante do que escolher o melhor e o pior. Não existe necessidade de eleger o vencedor e o perdedor, a arte, e dessa maneira a música, não deveria ser colocada dessa forma. Provavelmente não existiria um David Gilmour se não tivesse existido um Roger Waters, portanto a minha resposta para a pergunta do título é fácil, os dois cara pálida!

Um comentário:

  1. Simplesmente perfeito a sua análise, não há porque tentar decidir quem é o melhor. Na verdade os dois se completam musicalmente.

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