terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Resenha: Pete Townshend A Autobiografia



Em 2013, pela Globo Livros, chegou as livrarias brasileiras mais uma autobiografia, a do guitarrista do The Who, Pete Townshend. Com quase 500 páginas, o músico passa toda a sua vida a limpo, que misturam excessos do rock, drogas, abuso sexual, pedofilia, confusões, e muita música. Pete tem um dos melhores textos no mundo do rock, o que faz prender o leitor através de suas incríveis histórias. Infelizmente, por se tratar de uma autobiografia, apenas um ponto de vista aparece no texto, deixando espaço para interpretações dúbias sobre alguns relatos.

Townshend nasceu em 1945 em Londres, Inglaterra, e o gosto pela música começou desde berço, com o pai saxofonista e a mãe cantora. A paixão pelo rock veio através do blues americano. Ganhou seu primeiro violão aos 12 anos de idade. O The Who veio nascer alguns anos depois, após entrar para a banda do vocalista Roger Daltrey, The Detours. A partir desse momento a vida do guitarrista iria mudar para sempre. Com a banda ele viajou por todo o Mundo, e viveu experiências únicas, como por exemplo, tocar no festival de Woodstock em 1969. Pete conta sobre a evolução da banda, que virou uma referência no mundo do rock e influenciou diversos músicos e bandas ao longo dos anos. A gravação de discos clássicos também é contada pelo guitarrista. Tommy, um dos melhores projetos do grupo, tem referências durante todo o livro. Infelizmente, Quadrophenia, outro sucesso, não rende tantas linhas durante a obra.



Diversos projetos fora do Who são lembrados, como suas obras de ficção, o trabalho de editor na Faber and Faber, colunas em jornais, trabalhos beneficentes, entre outros. Sua carreira solo recebe bastante destaque durante o livro. Trabalhos como The Iron Man e Psychoderelict, que para diversos fãs são discos medianos, recebem uma grande atenção por parte do escritor, e clássicos como Empty Glass, são meio deixados em segundo plano.

A sua relação com os membros da banda deixam certa dúvida no livro. Seu amor pelo vocalista Roger é bem clara, através de várias declarações afetivas, assim como sua competência como front man do Who. Em relação a um dos melhores bateristas da historia do rock, Keith Moon, a historia é um pouco diferente. Caracterizado diversas vezes como “pentelho”, Pete deixa claro que Moon atrapalhava a vida da banda. Após sua morte, em 1979, o guitarrista declarou que sentiu certo “alivio”, e assim pode mudar alguns elementos no grupo, algo que era impossível com Keith vivo.



Outros temas bastante polêmicos são abordados, algumas vezes com uma precisão impar, outras sem muita clareza. Vitima de abuso sexual pela avó materna quando tinha entre 5 e 6 anos de idade, Pete diversas vezes é dissimulado sobre o assunto. Sua suposta homossexualidade é dúbia. Ele chega a afirmar que certa vez reparou no tamanho do “documento” de Mick Jagger, e provavelmente teria transado com ele. Ao mesmo tempo temos idas e vindas com diversas garotas durante todo o livro. Sua relação com a ex-esposa Karen é interessante. O leitor passa o tempo todo achando que uma hora os dois vão se separar, mas apenas no final do livro isso ocorre, e de forma bastante inconclusiva em relação a situação.


Pete Townshend A Autobiografia é uma leitura obrigatória para os amantes do rock, e para os fãs do Who, pois se trata da historia de umas das lendas da música. Mais uma vez, por se tratar de um relato escrito pelo próprio guitarrista, algumas histórias podem trazer uma sensação de dúvida para o leitor, ou de falta de apuração. Mesmo assim o guitarrista é sincero sobre diversos aspectos, e relata suas histórias com o Who, com as drogas, com sua família, entre diversas outras, de um jeito muito legal. Pete tem uma narrativa muito legal, clara e objetiva, captando o leitor até em momentos mais tediosos de sua vida. Vale a pena a leitura.  


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