Em
2013, pela Globo Livros, chegou as livrarias brasileiras mais uma
autobiografia, a do guitarrista do The Who, Pete Townshend. Com quase 500
páginas, o músico passa toda a sua vida a limpo, que misturam excessos do rock,
drogas, abuso sexual, pedofilia, confusões, e muita música. Pete tem um dos
melhores textos no mundo do rock, o que faz prender o leitor através de suas
incríveis histórias. Infelizmente, por se tratar de uma autobiografia, apenas
um ponto de vista aparece no texto, deixando espaço para interpretações dúbias
sobre alguns relatos.
Townshend
nasceu em 1945 em Londres, Inglaterra, e o gosto pela música começou desde
berço, com o pai saxofonista e a mãe cantora. A paixão pelo rock veio através
do blues americano. Ganhou seu primeiro violão aos 12 anos de idade. O The Who
veio nascer alguns anos depois, após entrar para a banda do vocalista Roger
Daltrey, The Detours. A partir desse momento a vida do guitarrista iria mudar
para sempre. Com a banda ele viajou por todo o Mundo, e viveu experiências
únicas, como por exemplo, tocar no festival de Woodstock em 1969. Pete conta
sobre a evolução da banda, que virou uma referência no mundo do rock e
influenciou diversos músicos e bandas ao longo dos anos. A gravação de discos
clássicos também é contada pelo guitarrista. Tommy, um dos melhores projetos do grupo, tem referências durante
todo o livro. Infelizmente, Quadrophenia,
outro sucesso, não rende tantas linhas durante a obra.
Diversos
projetos fora do Who são lembrados, como suas obras de ficção, o trabalho de
editor na Faber and Faber, colunas em jornais, trabalhos beneficentes, entre
outros. Sua carreira solo recebe bastante destaque durante o livro. Trabalhos
como The Iron Man e Psychoderelict, que para diversos fãs
são discos medianos, recebem uma grande atenção por parte do escritor, e
clássicos como Empty Glass, são meio deixados em segundo plano.
A
sua relação com os membros da banda deixam certa dúvida no livro. Seu amor pelo
vocalista Roger é bem clara, através de várias declarações afetivas,
assim como sua competência como front man
do Who. Em relação a um dos melhores bateristas da historia do rock, Keith
Moon, a historia é um pouco diferente. Caracterizado diversas vezes como “pentelho”,
Pete deixa claro que Moon atrapalhava a vida da banda. Após sua morte, em 1979,
o guitarrista declarou que sentiu certo “alivio”, e assim pode mudar alguns
elementos no grupo, algo que era impossível com Keith vivo.
Outros
temas bastante polêmicos são abordados, algumas vezes com uma precisão impar,
outras sem muita clareza. Vitima de abuso sexual pela avó materna quando tinha
entre 5 e 6 anos de idade, Pete diversas vezes é dissimulado sobre o assunto.
Sua suposta homossexualidade é dúbia. Ele chega a afirmar que certa vez reparou
no tamanho do “documento” de Mick Jagger, e provavelmente teria transado com
ele. Ao mesmo tempo temos idas e vindas com diversas garotas durante todo o
livro. Sua relação com a ex-esposa Karen é interessante. O leitor passa o tempo
todo achando que uma hora os dois vão se separar, mas apenas no final do livro
isso ocorre, e de forma bastante inconclusiva em relação a situação.
Pete Townshend A
Autobiografia
é uma leitura obrigatória para os amantes do rock, e para os fãs do Who, pois
se trata da historia de umas das lendas da música. Mais uma vez, por se tratar
de um relato escrito pelo próprio guitarrista, algumas histórias podem trazer
uma sensação de dúvida para o leitor, ou de falta de apuração. Mesmo assim o
guitarrista é sincero sobre diversos aspectos, e relata suas histórias com o
Who, com as drogas, com sua família, entre diversas outras, de um jeito muito
legal. Pete tem uma narrativa muito legal, clara e objetiva, captando o leitor
até em momentos mais tediosos de sua vida. Vale a pena a leitura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário