Recentemente
saiu pela editora Leya, o livro “Man on the run”, do jornalista Tom Dyle, que
conta a vida do Beatle Paul McCartney durante a década de setenta. Repórter do
jornal inglês “The Guardian” e colaborador das revistas “Mojo” e “Q”, o autor
já fez diversas entrevistas com renomados nomes do rock. O livro foi construído
a partir de uma série de encontros entre Doyle e Paul no ano de 2006, durante o
relançamento de sua discografia naquele período.
A
obra começa contando como foi o fim da maior banda de todos os tempos, os
Beatles, na visão do seu baixista. Entre processos judiciais contra os
ex-colegas, McCartney se viu em um verdadeiro inferno astral no final dos anos
sessenta, com John Lennon fazendo diversas críticas sobre o modo controlador e
sovina do ex-companheiro em diversas entrevistas e músicas. O resultado foi sua total reclusão em uma
fazenda na Escócia, junto da esposa Linda e sua filha. Neste período abusou do
álcool e fumou muita maconha, adotando um estilo de vida bem hippie, deixando
até a barba crescer. Neste período o disco Ram
foi produzido, com apenas Paul tocando todos os instrumentos, e sua esposa
auxiliando.
Após
o primeiro trabalho solo, McCartney se viu pronto para formar uma nova banda. A
primeira formação do Wings começou fazendo shows em situações bem precárias. O
grupo viajou pela Inglaterra em uma van verde, e foi parando nas cidades para
tocar em algum lugar disponível. O primeiro show foi em Nottingham, no refeitório
da faculdade, na hora do almoço, com a presença de 800 pessoas. A intenção de
MaCca era essa, que tudo fosse bem improvisado, como no início dos Beatles. Com
a evolução, e sucesso, começaram a excursionar dentro de um ônibus de dois
andares, com uma pintura psicodélica.
O
livro retrata bem o desenvolvimento do Wings, passando pelo início amador, pelos
principais problemas dos membros com Paul McCartney, até as diversas mudanças
de formações. Com apenas Linda e o guitarrista Denny Laine na banda, eles
voaram para a Nigéria, e enfrentaram situações bem complicadas, como um assalto
sofrido no meio da rua pelo casal McCartney, em que um saco foi colocado na
cabeça de Paul, e as gravações foram roubadas. Em meio a esse cenário nasceu o
principal trabalho do baixista após o fim dos Beatles, o premiadíssimo “Band On
The Run”.
A
sua relação com a família, em especial a esposa Linda, é caracterizada no
livro. Ela foi muito importante para o marido durante o seu período de reclusão
na Escócia, após o final dos garotos de Liverpool, e durante a existência do
Wings. Como integrante da banda, nos teclados, foi bastante criticada no
começo, pelos fãs, imprensa, e até membros do grupo. Com o passar dos anos ela
foi se aprimorando, tornando se parte essencial. A maneira como os McCartney
criaram as filhas é abordado, desde a companhia delas durante as turnês, até a
educação fora das escolas tradicionais.
O
livro encerra com uma das partes mais difíceis da vida do músico, 1980. Ao
desembarcar no Japão para uma série de shows, ele foi pego com uma grande
quantidade de maconha. Ficou preso por 10 dias. Por toda a influência que
tinha, conseguiu ser solto, e obrigado a deixar o país. No final do ano John
Lennon era assassinado por um fã em frente à casa que morava. Além de deixar o
mundo todo triste, a sua morte teve um grande impacto sobre Paul. No livro é
abordado o fato dele não saber tratar direito o luto, geralmente se fechando.
Uma declaração sua sobre a morte do amigo foi mal interpretada, causando uma
onda de suposições falsas sobre o músico.
Com
o fim do Wings no começo dos anos oitenta, McCarteny resolveu cuidar da
família, criar os filhos, e tentar voltar a ser uma pessoa normal. Só no final
da década de oitenta, voltou a excursionar. O livro é de fácil entendimento,
Tom Doyle escreve de forma simples, clara e objetiva, e consegue transmitir para
o leitor como foi para Paul, o período entre 1970 e 1980. Recomendado.
Observação: As imagens que compõem o texto são apenas meramente ilustrativas, não fazem parte do livro.
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